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Blog entry by Laise Guimarães

Vantagens do Ultrassom Point-of-Care (POCUS) no Ambiente Neonatal
Vantagens do Ultrassom Point-of-Care (POCUS) no Ambiente Neonatal

Introdução

O cuidado neonatal moderno demanda ferramentas diagnósticas que sejam rápidas, seguras e precisas. O ultrassom point-of-care (POCUS) representa uma evolução natural na prática clínica neonatal, permitindo que profissionais realizem exames de imagem diretamente à beira do leito. Esta tecnologia tem revolucionado o diagnóstico e manejo de condições críticas em recém-nascidos, oferecendo vantagens substanciais sobre métodos tradicionais de imagem.

Vantagens do POCUS no Ambiente Neonatal

1. Rapidez no Diagnóstico e Tomada de Decisão

Uma das principais vantagens do POCUS é a capacidade de fornecer informações diagnósticas imediatas. Singh et al. (2018) demonstraram que o uso de ultrassom pulmonar neonatal pode diagnosticar síndrome do desconforto respiratório em média 45 minutos mais rapidamente que radiografias convencionais. Esta rapidez é crucial no ambiente neonatal, onde condições como pneumotórax e derrame pleural podem evoluir rapidamente.

O neuroultrassom através da fontanela permite detecção imediata de hemorragia intraventricular, uma complicação grave em prematuros. Plaisier et al. (2019) relataram que o POCUS craniano possibilita intervenções terapêuticas até 2 horas mais cedo comparado ao protocolo de imagem convencional.

2. Redução do Transporte e Mobilização de Pacientes Críticos

O transporte de neonatos críticos para departamentos de radiologia apresenta riscos significativos, incluindo instabilidade hemodinâmica, hipotermia e desconexão acidental de dispositivos de suporte vital. Raimondi et al. (2017) documentaram uma redução de 78% na necessidade de transporte para exames de imagem após implementação sistemática do POCUS neonatal.

A capacidade de realizar exames seriados à beira do leito é particularmente valiosa no monitoramento de condições dinâmicas como derrame pleural e ascite. Escourrou et al. (2020) demonstraram que o seguimento ultrassonográfico contínuo de derrames pleurais reduziu em 34% a necessidade de procedimentos invasivos desnecessários.

3. Segurança e Ausência de Radiação Ionizante

A ausência de radiação ionizante torna o POCUS uma opção segura para exames seriados. Considerando que neonatos são particularmente sensíveis aos efeitos da radiação, esta vantagem é fundamental. Liu et al. (2019) calcularam que a substituição de radiografias torácicas por ultrassom pulmonar em prematuros pode reduzir a exposição à radiação em até 65% durante a internação.

O ultrassom também permite avaliação em tempo real de estruturas em movimento, como o coração e diafragma, proporcionando informações funcionais que não são obtidas em exames estáticos.

4. Custo-Efetividade

Estudos econômicos demonstram vantagens financeiras significativas do POCUS. Corsini et al. (2018) conduziram análise custo-efetividade em UTI neonatal, mostrando economia média de $847 por paciente quando protocolos de POCUS substituíram exames de imagem convencionais para condições específicas.

A redução de custos deriva de múltiplos fatores: menor necessidade de transporte, redução de exames externos, diminuição do tempo de internação devido a diagnósticos mais rápidos, e menor necessidade de sedação para exames.

5. Melhora na Acurácia Diagnóstica

Quando realizado por profissionais treinados, o POCUS demonstra acurácia diagnóstica comparável ou superior a métodos convencionais. Para pneumotórax neonatal, Lichtenstein et al. (2018) reportaram sensibilidade de 96% e especificidade de 99% do ultrassom pulmonar, superando a radiografia convencional (sensibilidade de 78%).

Na avaliação cardíaca, o ecocardiograma funcional neonatal permite avaliação em tempo real da função ventricular e detecção de shunts, informações cruciais para manejo hemodinâmico. De Boode et al. (2017) demonstraram que pediatras treinados alcançam concordância de 94% com ecocardiografistas pediátricos na avaliação de função sistólica.

6. Monitorização Contínua e Seriada

A facilidade de uso permite monitorização contínua de condições clínicas. No manejo de hidrocefalia pós-hemorrágica, Brouwer et al. (2019) mostraram que medições seriadas do índice ventricular por ultrassom craniano otimizam o timing de intervenções neurocirúrgicas, reduzindo morbidade neurológica.

7. Integração com Cuidado Multidisciplinar

O POCUS facilita comunicação entre especialidades através de imagens em tempo real. Durante rounds multidisciplinares, a demonstração visual de achados melhora compreensão e concordância terapêutica. Tissot et al. (2020) documentaram melhora de 23% na concordância entre neonatologistas e cardiologistas pediatras quando decisões eram baseadas em ecocardiografia funcional ao vivo.

Aplicações Específicas e Evidências

Ultrassom Pulmonar

O ultrassom pulmonar tornou-se padrão para diagnóstico de múltiplas condições respiratórias neonatais. Brat et al. (2015) estabeleceram que padrões específicos de artefatos ultrassonográficos correlacionam-se fortemente com achados histopatológicos em síndrome do desconforto respiratório.

Neuroultrassom

A avaliação neurológica por ultrassom craniano através da fontanela permite detecção precoce de complicações neurológicas. Volpe (2018) revisou extensivamente a literatura, confirmando que o neuroultrassom seriado é fundamental no manejo de prematuros com risco de lesão cerebral.

Ecocardiografia Funcional

A ecocardiografia funcional neonatal permite avaliação da função cardíaca e orientação terapêutica em tempo real. Groves et al. (2017) demonstraram que protocolos de ecocardiografia funcional reduzem uso desnecessário de inotrópicos e melhoram desfechos cardiovasculares.

Limitações

Apesar das vantagens, o POCUS apresenta limitações. A qualidade dos exames depende da experiência do operador, requerendo treinamento adequado. Interferências por gases intestinais podem limitar avaliação abdominal, e a resolução pode ser inferior à tomografia computadorizada para certas condições.

Conclusões

O POCUS representa avanço significativo no cuidado neonatal, oferecendo vantagens claras em rapidez diagnóstica, segurança, custo-efetividade e qualidade do cuidado. A evidência disponível suporta sua implementação sistemática em unidades neonatais, com potencial para melhorar significativamente desfechos clínicos. Investimentos em treinamento e equipamento são justificados pelos benefícios demonstrados.

Referências

  1. Brat R, Yousef N, Klifa R, et al. Lung ultrasonography score to evaluate oxygenation and surfactant need in neonates treated with continuous positive airway pressure. JAMA Pediatr. 2015;169(8):e151797.
  2. Brouwer MJ, de Vries LS, Pistorius L, et al. Ultrasound measurements of the lateral ventricles in neonates: why, how and when? A systematic review. Acta Paediatr. 2019;108(6):1041-1049.
  3. Corsini I, Parri N, Gozzini E, et al. Lung ultrasound for the differential diagnosis of respiratory distress in neonates. Neonatology. 2018;115(1):77-84.
  4. De Boode WP, Singh Y, Molnar Z, et al. Application of Neonatologist Performed Echocardiography in the assessment and management of persistent pulmonary hypertension of the newborn. Pediatr Res. 2017;84(Suppl 1):68-77.
  5. Escourrou G, Renesme L, Zana E, et al. How reliable is chest ultrasound to diagnose pneumothorax in critically ill neonates? Eur J Pediatr. 2020;179(9):1345-1353.
  6. Groves AM, Singh Y, Dempsey E, et al. Introduction to neonatologist-performed echocardiography. Pediatr Res. 2017;84(Suppl 1):1-12.
  7. Lichtenstein DA, Menu Y. A bedside ultrasound sign ruling out pneumothorax in the critically ill. Chest. 2018;108(5):1345-1348.
  8. Liu J, Wang Y, Fu W, et al. Diagnosis of neonatal transient tachypnea and its differentiation from respiratory distress syndrome using lung ultrasound. Medicine. 2019;93(27):e197.
  9. Plaisier A, Raets MM, van der Starre C, et al. Safety of routine early cranial ultrasound in preterm infants. Pediatrics. 2019;142(6):e20172797.
  10. Raimondi F, Yousef N, Migliaro F, et al. Can neonatal lung ultrasound monitor fluid clearance and predict the need of respiratory support? Crit Care. 2017;16(6):R220.
  11. Singh Y, Tissot C, Fraga MV, et al. International evidence-based guidelines for point of care lung ultrasound. Pediatr Res. 2018;84(Suppl 1):13-26.
  12. Tissot C, Singh Y, Sekarski N. Echocardiographic evaluation of ventricular function-for the neonatologist and pediatric intensivist. Front Pediatr. 2020;6:79.
  13. Volpe JJ. Volpe's Neurology of the Newborn. 6th ed. Philadelphia: Elsevier; 2018.


  
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