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Mensagens do blog por Laise Guimarães

Coração Valente sob Risco: POCUS na luta pelo diagnóstico precoce do Cor Pulmonale Agudo
Coração Valente sob Risco: POCUS na luta pelo diagnóstico precoce do Cor Pulmonale Agudo

I Introdução

O cor pulmonale agudo, caracterizado pela disfunção aguda do ventrículo direito (VD) secundária à hipertensão pulmonar, representa uma condição grave frequentemente associada à embolia pulmonar (EP) aguda, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) ou exacerbações de doenças pulmonares crônicas. O diagnóstico precoce é fundamental, pois o manejo adequado pode melhorar significativamente o prognóstico. A ultrassonografia à beira do leito, ou Point-of-Care Ultrasound (POCUS), tem se tornado uma ferramenta essencial na avaliação de pacientes críticos, permitindo uma análise rápida, não invasiva e rápida das condições cardiovasculares e pulmonares. Este artigo explora o uso do POCUS na avaliação do cor pulmonale agudo, destacando suas aplicações, técnicas e implicações clínicas.

| Fundamentos do Cor Pulmonale Agudo

O cor pulmonale agudo ocorre devido a uma sobrecarga súbita de pressão sobre o VD, levando à falência da função do ventrículo direito. A disfunção ventricular direita resulta em redução do débito cardíaco, comprometendo a perfusão sistêmica e aumentando a pressão nas câmaras direitas do coração. As principais etiologias incluem:

Embolia Pulmonar Aguda: Principal causa de cor pulmonale agudo, onde a obstrução súbita da circulação pulmonar resulta em aumento da resistência vascular pulmonar.

Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA): As alterações pulmonares agudas da SDRA contribuem para a hipertensão pulmonar, promovendo a carga do VD.

Exacerbações Agudas de Doenças Pulmonares Crônicas: Aumento da resistência vascular pulmonar devido a vasoconstrição hipóxica e inflamação é outra condição responsável por disfunção ventricular direita aguda.

| Princípios do POCUS na Avaliação do Ventrículo Direito

A avaliação ultrassonográfica do coração é centrada na análise do VD, focando na sua morfologia, função e impacto hemodinâmico. Utilizando um transdutor de baixa frequência (convexo ou cardíaco) com preset cardíaco. O estudo POCUS pode rapidamente identificar sinais sugestivos de cor pulmonale.

Avaliação do Tamanho do VD: A dilatação do VD é um sinal importante no cor pulmonale agudo. No corte quatro câmaras (janela subcostal ou apical), a relação entre o diâmetro do VD e do VE é utilizada para identificar dilatação; uma relação VD/VE > 1 é sugestiva de dilatação moderada do VD.

Função do VD e Sinal de McConnell: A análise da cinética da parede livre do VD é crítica. O sinal de McConnell, caracterizado pela hipocinesia da parede livre com preservação do movimento apical, é um achado específico para EP aguda.

TAPSE reduzido: A redução da excursão sistólica vertical do anel valvar tricúspide ao modo M é um indicador sensível de disfunção ventricular, quando a excursão for menor que 17 mm. No entanto, este indicador sofre interferência das condições de carga.

Sinais de Hipertensão Pulmonar: O achado de retificação do septo interventricular, promovendo um VE de formando em “D” no corte paraesternal de eixo curto, indica sobrecarga de pressão sobre o VD e é um marcador indireto de hipertensão pulmonar.

| Técnicas de Avaliação Utilizadas no POCUS

O protocolo POCUS cardíaco permite uma abordagem sistemática do paciente com suspeita de cor pulmonale agudo:

Janela Apical Quatro Câmaras: Principal janela para avaliação do tamanho e função do VD, permitindo a comparação entre VD e VE.

Eixo Curto Paraesternal: Facilita a avaliação do formato do VD e do septo interventricular, útil para identificar o sinal de “D”.

Janela Subcostal: Permite avaliação não apenas das 4 câmaras, mas também da veia cava inferior (VCI), que ajuda a estimar a pressão venosa central e a sobrecarga de câmaras direitas.

O protocolo Pulmonar também pode ser performado para auxiliar na investigação de outras causas de insuficiência respiratória.

| Implicações Clínicas e Benefícios do POCUS no Cor Pulmonale Agudo

O uso de POCUS oferece múltiplos benefícios na avaliação do cor pulmonale agudo:

Diagnóstico Rápido e Não Invasivo: Permite a identificação imediata da sobrecarga do VD, auxiliando na diferenciação de outras causas de instabilidade hemodinâmica.

Guia Terapêutico: Os achados ultrassonográficos podem direcionar o manejo clínico, como a necessidade de trombólise na EP ou ajustes no suporte ventilatório em casos de SDRA.

Monitoramento da Resposta ao Tratamento: O POCUS pode ser utilizado para avaliar a resposta do VD a intervenções terapêuticas, ajustando o tratamento conforme a evolução do quadro clínico.

| Limitações e Desafios do POCUS

Apesar de suas vantagens, o POCUS também apresenta limitações, como a dependência da experiência do operador e a dificuldade em pacientes com janelas acústicas desfavoráveis. É fundamental que os profissionais de saúde sejam devidamente treinados para maximizar a acurácia e utilidade do exame.

|Conclusão

O POCUS tem se consolidado como uma ferramenta essencial na avaliação do cor pulmonale agudo, proporcionando uma análise rápida e detalhada da função do VD e suas consequências hemodinâmicas. Sua aplicação na prática clínica melhora o diagnóstico, orienta o manejo e pode impactar positivamente nos desfechos dos pacientes. Com o avanço da tecnologia e a ampliação do treinamento médico, o uso do POCUS continuará a crescer, integrando-se cada vez mais nos protocolos de atendimento de pacientes críticos.

| Referências:

1.    European Society of Cardiology (ESC) Guidelines on Acute Pulmonary Embolism

2.    American College of Cardiology (ACC) Guidelines on the Management of Patients with Pulmonary Embolism

3.    Society of Critical Care Medicine (SCCM) Consensus Statement on Point-of-Care Ultrasound

4.    McConnell, M. V., et al. (1996). "Regional right ventricular dysfunction detected by echocardiography in acute pulmonary embolism." The American Journal of Cardiology.

5.    Vieillard-Baron, A., et al. (2018). "Ultrasound assessment of the heart in critically ill patients." Critical Care Medicine.

6.    Banco de dados PubMed, Embase e UpToDate.

7.    Lichtenstein, D. A. (2016). Lung Ultrasound in the Critically Ill: The BLUE Protocol.

8.    Marik, P. E. (2013). Handbook of Evidence-Based Critical Care.



  
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